“Thank god we have Canada!”

Fev 2, 2017

O mundo inteiro está em choque com as atitudes do Presidente dos Estados Unidos da América e com os diplomas legais que ele tem vindo a assinar desde que tomou posse no passado dia 20.
Teresa Damásio

Os programas escolares do mundo inteiro ensinam que a constituição dos Estados Unidos foi dos primeiros documentos jurídicos produzidos no mundo moderno que previu e estatui os direitos, as liberdades e as garantias de modo a permitir de forma absoluta os direitos de cidadania de todos aqueles que nasceram, ou escolheram viver, estudar ou trabalhar no país.

Ao longo dos dois últimos séculos, os Estados Unidos assumiram o papel de garante da democracia e da estabilidade da ordem pública mundial no que ao cumprimento dos direitos humanos diz respeito.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos exemplos onde a intervenção dos Estados Unidos, através da Eleanor Roosevelt, foi determinante para o respetivo carácter inovador e humanista.

É por isso mais do que razoável perceber o choque e a indignação que têm pulverizado o mundo ao longo destes últimos dias com as leis, ainda que temporárias, aprovadas contra os refugiados e contra os cidadãos dos sete países impedidos de entrar nos Estados Unidos da América.

No meio de toda esta tormenta temos ouvido com profunda emoção as declarações do primeiro-ministro do Canadá a propósito do acolhimento que o seu país fez e fará a todos aqueles que escolham o Canadá para viver independentemente do país de origem ou da sua situação política. Talvez por isso mesmo, esta semana o Québec foi afrontado com um ataque terrorista infame cujos perpetradores procuraram, mais uma vez, virar a opinião pública contra os muçulmanos, pretendendo obter com isso a “famosa” crispação geopolítica entre Ocidente e Oriente.

Para muitos, o Canadá era o outro país da América do Norte que acolheu ao longo das últimas décadas muitos cidadãos de várias partes do mundo, entre eles de Portugal. País amigo da emigração, com um elevado índice de desenvolvimento humano e com taxas de crescimento económico muito acima da média. Paradoxalmente foi a eleição deste último Presidente norte-americano que catapultou o Canadá para as primeiras páginas dos jornais mundiais como o país amigo dos direitos humanos e que respeita os direitos cívicos!

A sul, Portugal tem vindo a adotar uma posição de defensor dos princípios europeus, honrando o legado dos fundadores das comunidades, das três, europeias, e de agregador das vontades de todas e de todos aqueles que defendem o modelo social europeu e que entendem que passadas que estão várias décadas da sua aprovação ele continua um dos modelos mais avançados do mundo! Recordo o discurso que o Presidente Obama fez em Atenas a 16 de novembro passado em que a propósito dos desafios da globalização defendeu uma Europa unida e coesa, defendeu a NATO e a democracia, dando razão aos sete líderes dos países do Sul da União Europeia que se reuniram em Lisboa no passado fim de semana para a 2.ª Cimeira de Lisboa e que na Declaração de Lisboa deixaram bem expressa a vontade inequívoca da defesa intransigente dos valores europeus.

Justin Trudeau e António Costa mostraram ao mundo que não temos de ter medo da supremacia beligerante do Presidente norte-americano.

Saibamos todos usar a melhor lição da mão invisível do Adam Smith porque assim deitaremos fora aquilo que não presta e usaremos aquilo que presta!

“Thank god we have Canada and the Southern European Union Members!”

Ámen!

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