A Ousadia de Viver e de Ser Livre!*

Mai 4, 2025

Este é, para mim, um mês profundamente especial. Por isso, partilho convosco um texto que representa uma parte essencial da minha vida e que toldou, de forma indelével, aquilo que sou hoje – enquanto mulher, mãe e profissional.
Mãe e Teresa

Celebrámos, a 1 de maio, o Dia do Trabalhador. Ontem, 4 de maio, assinalou-se o Dia da Mãe. Falo-vos muitas vezes do meu pai e da inspiração que representa no meu percurso como CEO de várias instituições de ensino. Contudo, até hoje, ainda não tinha partilhado convosco a história de uma mulher que é, para mim, um verdadeiro exemplo de trabalho e de vida: a minha querida mãe, Luiza Damásio.

Falo-vos de uma mulher emancipada para o seu tempo, que venceu os desafios da vida com resiliência e determinação, colhendo os frutos do seu trabalho árduo. A obra que criou – fruto de um sonho partilhado com o meu pai – mantém-se viva até aos dias de hoje, sustentada nos valores humanistas que incutiu desde o primeiro momento. O Real Colégio de Portugal nasceu da sua visão: uma escola onde todos têm lugar, onde nenhuma criança é deixada para trás. E assim continua a ser – ontem, hoje e sempre!

A sua história de vida conferiu-lhe a integridade e retidão essencial para concretizar os seus objetivos. A morte prematura do meu avô obrigou-a a trabalhar muito cedo, impedindo-a de frequentar a universidade. Contudo, transformou a adversidade em força, desenvolvendo competências pessoais e sociais que marcaram positivamente a sua vida familiar e profissional.

A 4 de maio de 1968 casou com o meu pai, Manuel de Almeida Damásio. Juntos, construíram um projeto educativo transformador, que resultou num vasto grupo de universidades e escolas. Partilhavam a mesma missão: melhorar a vida das pessoas através da educação, com base num projeto inclusivo e profundamente respeitador dos princípios consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Para a minha mãe, o Real Colégio de Portugal, que dirigiu entre 1999 e 2011 (ano da sua partida), era muito mais do que uma escola. Era, acima de tudo, o projeto da sua vida. É com enorme orgulho que vejo esse legado manter-se vivo, dando continuidade ao seu sonho, que agora também é o meu.

Recordo-a todos os dias: da sua força, do seu carisma, do seu empenho, da forma como enfrentava os momentos difíceis – e foram muitos. Sinto-me grata ao ver tantos colaboradores que iniciaram este projeto com ela, ainda hoje connosco, e que a recordam com admiração e saudade. A sua presença sentia-se em cada conquista, em cada desafio superado. Ainda a sinto hoje, todos os dias, comigo. Ainda oiço a sua gargalhada tão peculiar, ecoa em mim o mesmo sentido de humor, mesmo quando as coisas não correm bem. A saudade é muita, mas tal como ela, também eu, não me deixo vencer pelos obstáculos da vida!

Numa época em que a representatividade feminina em cargos de liderança, especialmente na educação, era reduzida, a minha mãe destacou-se como exemplo de coragem e liderança no feminino.

Simone de Beauvoir disse um dia: “Querer ser livre é também querer livres os outros”. A minha mãe quis isso mesmo: contribuir para uma sociedade mais livre, justa e igualitária. Foi livre no seu tempo e lutou para que todos os que passassem pelo Real Colégio pudessem ser livres também. Essa continua a ser a nossa missão. Acreditamos que uma educação integral, humanista e inclusiva é o caminho para a liberdade e para a felicidade de cada criança.

Hoje, quero dedicar estas palavras a todas as mães que ousam ser disruptivas, que ultrapassam os limites do seu papel tradicional. Às que são mães, mas também líderes, empreendedoras, filhas, profissionais – e que ousam ser tudo isso ao mesmo tempo. A todas, deixo uma mensagem de valorização e reconhecimento: podem ser tudo aquilo que quiserem ser. Podem, mesmo, ser tudo!

À minha mãe, Luiza Damásio – onde quer que esteja –, que saiba que foi, é e será sempre o meu maior exemplo de mulher. Também trago em mim a ousadia de viver e de sonhar. Como sempre disse: “Juntos Construímos o Futuro”. Esse lema continua, hoje, mais vivo do que nunca no nosso colégio e na nossa família!

Querida mãe, Luiza Damásio: continuamos e continuaremos aqui, por ti, para honrar a tua memória e a simples forma de ser. Foste tanto! Obrigada por isso!

*Para ti, minha querida mãe, Luiza Damásio.

 

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