Por ocasião da celebração do seu décimo aniversário, a Fundação Francisco Manuel dos Santos organizou, no passado dia 12 uma Conferência “A Mulher, Hoje”, no âmbito do ciclo “Ao Encontro dos Portugueses”, dividido em dois painéis. O primeiro visava apresentar o estudo “As mulheres em Portugal, hoje: quem são, o que pensam e como se sentem”, que contou com a moderação de José Alberto Carvalho e a participação de Laura Sagnier, Ana Nunes de Almeida, Anália Torres e Teresa Fragoso no debate. No segundo e último painel tivemos o privilégio de ouvir Samantha Power e Freida Pinto com moderação de Ghida Fakhry falarem acerca das mulheres no mundo.
Está de parabéns a Fundação por ter pensado e materializado esta conferência que visou primordialmente partilhar os resultados dum estudo cientifico e estimular o conhecimento em torno das mulheres que representam metade da população mundial e consequentemente portuguesa.
As Mulheres em Portugal, hoje, pode ser consultado em www.ffms.pt e representa o maior estudo sobre as mulheres feito até hoje em Portugal, pois tem uma amostra de 2.7 milhões de mulheres entre os 18 e os 64 anos.
Das conclusões apresentadas e do estudo comparativo com as mulheres espanholas o que surpreende mais é o conservadorismo da mulher portuguesa face às vizinhas ibéricas, bem como a elevada presença no mercado de trabalho que infelizmente não é acompanhado por salários justos e adequados.
De facto, o caminho a percorrer ainda é longo e há efetivamente vários direitos fundamentais por cumprir, nomeadamente naquilo que diz respeito ao trabalho e aos direitos sociais, bem como ao direito da família em que a divisão das tarefas domésticas e familiares é praticamente inexistente e a mulher é o membro do agregado familiar sobrecarregado e quase único responsável por todas as funções. Nas últimas décadas têm sido dados passos muito importantes que correspondem a marcos civilizacionais de relevo, mas importa recentrar os objetivos pois verificamos que todas as alterações legislativas ainda não tiveram impacto na forma como a mulher se vê a si própria e como perceciona o seu lugar na sociedade.
Importa por isso, voltar à génese – à escola. Ao ensino básico, secundário e superior e consolidar aquilo que ultimamente tem sido feito no domínio da cidadania. As mulheres precisam de modelos. Nas instituições de ensino já há muitas mulheres a ensinar, mas ainda há poucas a liderar.
Há poucos dias celebrámos o Dia Internacional das Mulheres e das Raparigas na Ciência e na mensagem conjunta de Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, e Phumzile Mlambo -Ngcuka, diretora-executiva da ONU-Mulheres era dito “… é urgente reduzir as disparidades entre homens e mulheres na ciência, na tecnologia, na engenharia e na matemática (CTEM) e promover ativamente a igualdade de género nas carreiras ligadas à ciência, à tecnologia e à inovação.
Estas competências são essenciais para as categorias de emprego de mais rápido crescimento. Vários estudos recentes demonstram que as mudanças nos mercados laborais mundiais resultarão em 58 milhões de novos postos de trabalho, em particular de analistas de dados e de cientistas, especialistas em inteligência artificial e aprendizagem automática, criadores e analistas de programas e aplicações e especialistas em visualização de dados…”.
Nesta área Portugal…