Teresa Damásio é advogada, professora há mais de 25 anos, militante do Partido Socialista e mãe de três rapazes. É administradora do Grupo Ensinus, que faz parte do Grupo Lusófona – que inclui inúmeros estabelecimentos de ensino em Portugal e nos Países de Língua Oficial Portuguesa. É também administradora do Real Colégio de Portugal – um estabelecimento de ensino, em Lisboa, que vai da creche ao ensino secundário – e do Grupo ISLA. Presidente do conselho de administração da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau e membro do conselho de administração do ISUPE Ekuikui II, em Angola, Damásio tem toda uma carreira ligada à educação.
Além disso, passou pela Assembleia da República como deputada e é, atualmente, presidente da Assembleia de Freguesia de Benfica. No exercício de todas estas funções, Teresa Damásio tem vindo a dedicar-se a temas como a política, a educação, a igualdade de género, a gestão, a lusofonia e a liderança. O livro O Estado da Coisas, publicado no final do ano passado, é resultado das suas constantes reflexões sobre todos estes temas, no exercício das suas inúmeras funções.
José Bragança de Miranda, investigador, ensaísta e professor universitário na área da comunicação, escreveu o prefácio do livro, que resume da seguinte forma: “O Estado da Coisas de Teresa Damásio, livro que temos agora entre mãos, reúne as escritas, intervenções, comunicações e discursos ligados ao ensino, à vida política, à gestão africana, originadas pela sua actividade de interveniente nos últimos 30 anos na vida portuguesa.”
Com a Máxima, Teresa Damásio falou mais aprofundadamente sobre o papel da mulher na sociedade, as desigualdades de género e todos os inúmeros desafios que as mulheres têm de enfrentar para cumprir o seu potencial.
Qual o seu objetivo para este livro? Que tipo de mudança ou influência gostaria que ele exercesse, em particular, na vida das mulheres portuguesas?
Gostaria que as mulheres tomassem verdadeiramente consciência do seu potencial na sociedade e tomassem verdadeiramente consciência da importância que é serem um exemplo e que a sua conduta e a sua proatividade podem efetivamente transformar as vidas. Espero inspirar todas as mulheres que leiam o meu livro a tornarem-se exemplos, a tornarem-se mentoras de outras mulheres e a serem um ícone na sociedade.
Acredita que homens e mulheres vão receber o mesmo salário para o mesmo trabalho brevemente? Na sua opinião, o que é que tem feito adiar algo que é de uma justiça óbvia?
Não. Infelizmente, acho que ainda vai demorar. De acordo com estudos e estatísticas internacionais, feitas tanto pela Organização Internacional do Trabalho, como pela União Europeia (UE) e pela UNESCO, o wage gap vai demorar muitos anos a alterar-se. E não é por falta de legislação. Em todos os estados-membros da UE existe o princípio constitucional “para trabalho igual, salário igual”. Portanto, não é um problema jurídico. É, isso sim, um problema de mentalidades, da forma como as organizações estão habituadas a trabalhar, em que se valoriza muito mais o trabalho do homem do que o da mulher, independentemente das competências académicas e profissionais de cada um. Isso é, para mim, absolutamente chocante.
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