O sonho da universidade desaparece quando o orçamento familiar tem de ser gerido mensalmente com muito rigor e cuidado – uma situação em que aceder ao Ensino Superior passa para quarto plano.
Os resultados da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNA) deviam ser um motivo de celebração. Mas, infelizmente, os números revelados não deixam margem para otimismo: só 44 mil estudantes foram colocados, o valor mais baixo da última década, e ficam agora por preencher 11 mil vagas – o dobro do ano passado.
Para mim, este dado não é apenas estatístico. É um alerta vermelho. A Educação é a base de qualquer país que se quer desenvolvido. Populações instruídas geram mais capital humano, mais inovação e, claro, mais valor económico. Se falhamos aqui, estamos a comprometer o futuro do país.
Mas o que mais me preocupa é o perfil dos alunos que ficam de fora: o número de colocados com carência económica voltou a descer. Não é porque as famílias estão melhor. É porque o ensino superior está a tornar-se um privilégio para quem tem estabilidade financeira – e não um direito universal. Estamos, aos poucos, a empurrar Portugal para um ensino superior desigual e elitista. Não o podemos permitir.
Pode ler o artigo na íntegra no Jornal Económico.