Por ocasião da celebração dos 30 anos da Lei de Bases do Sistema Educativo as Direções das quatro Associações representativas do ensino não superior português reúnem-se com o grande propósito de mostrar que é possível debater a Escola em conjunto mesmo quando se representa o público e o privado.
Infelizmente, estamos habituados a assistir a ouvir falar da Educação e da Escola da forma errada. Isto porque ao longo dos anos foram-se criando estereótipos acerca da Escola com base na sua inserção territorial e nas caraterísticas dos membros da Comunidade Educativa.
Quando se fala da Escola há muitos que esquecem o essencial– debater as pedagogias, a transmissão das aprendizagens, a motivação dos professores e a felicidade dos alunos por conseguirem ter sucesso no seu percurso escolar e serem consequentemente seres humanos mais ricos nos Valores e vivência dos mesmos por causa da Escola e daquilo que os seus Professores lhe transmitiram.
Para isso, é preciso que os Professores estejam motivados e que nas Escolas onde lecionam as Lideranças sejam eficazes ao estabelecerem objetivos, quer individuais quer para o grupo, ao motivarem as equipas e ao aplicarem as competências interpessoais no sentido da plena integração na Sociedade Civil.
A questão das Lideranças nas Escolas é fulcral para trazer para o dia a dia da Escola a matriz educativa inscrita no respetivo Projeto Educativo e isso, só pode ser feito por quem detém o poder e a autoridade.
Temos que discutir sem pudor um Modelo de Governança para as Escolas. O Direito Comercial enquadra em termos jurídico o Governo das Sociedades e obriga os acionistas a terem modelos bem definidos para as respetivas empresas. As Escolas também precisam desses Modelos. Hoje mais do que nunca.
Habituámos-mos a falar da Liderança no âmbito das Ciências Empresariais e para aplicação na Gestão de Pessoas em contexto organizacional. Esquecemos-mos que a Escola é, a par da Família, uma das primeiras experiências agregadoras que o ser humano vive e que para que o seu crescimento seja harmonioso a Escola deve ser um espaço onde o Talento de cada um seja exposto ao olhar coletivo e à avaliação dos pares e dos stakeholders. Ora isso só pode ser feito em Escolas, sejam elas públicas ou privadas, com Lideranças eficazes, transparentes e que incorporem perante a Comunidade a prática reiterada da accountability.
Temos demasiados exemplos, quer nacionais quer internacionais, que demonstram que é perigoso não prestarmos contas das nossas atividades. Essa responsabilização é ainda maior quando se ocupam posições de liderança.